É no silêncio que posso ouvir o que não está, porém há.
Ouvi-la calando e deixando soar a música que vem dos seus olhos.
A cor que fala muda me faz abrir a visão e ouvi-la.
Ouvi-la dizer: “Je t’aime”
É na roseira que não a sinto queimar minhas narinas.
Inspiro o cheiro amargo da sua ausência.
Sopro o gosto da essência que me fazia rir em sua presença.
Lembro do cheiro a cobrir minha língua.
Toco e sinto a luz que emana de sua lembrança.
Apalpo o riso que beija-me os ouvidos.
O arrepio da brisa que acende de tua voz me conduz pela mão.
E deixo conduzir-me.
Doce é tua voz que percorre todo meu corpo.
Ouço-a como a uva pousada em minha boca.
O gole áspero e adocicado do vinho que me deste.
Bebo a tua voz e vivo.
Percebo no escuro a tua arte mais bela.
Vejo o teu toque de amor preencher o vazio que deixou.
Olho as linhas do teu gosto guardado em telas brancas.
As mesmas que deixaste para que eu pudesse pintar.
(Erick Ravane)
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